terça-feira, 8 de janeiro de 2013

SE ALICE EU FOSSE




Se Alice eu fosse teria aprendido com o Chapeleiro que o impossível é quase possível, tudo é uma questão de duas letrinhas a mais. Teria me servido da loucura como um vestido novo; e ficado linda com ele.
Não me irritaria com aparições e desaparições de certos gatos, não tomaria a culpa para mim por isso. Não existem culpados.
Se Alice eu fosse não bancaria a jardineira que tenta esconder seus defeitos como aqueles que pintam rosas brancas de vermelho.
E teria aprendido com a duquesa que 'somente pássaros da mesma cor voam juntos para onde for' e talvez tivesse me tornado aquilo que pretendia ser.
Saberia que toda tristeza esconde seus motivos e, jamais, me permitiria sentir tanto medo ao ponto de esquecer meu próprio nome.
Entenderia, por fim, que qualquer hora é hora para sentir-me feliz; que não preciso marcar o passo, nem me apressar, nem me desligar. O chá seria servido quente ou frio, tanto faz, o importante mesmo seria tomá-lo.
Teria uma alegria profunda com as coisas sem sentido, pois teria ouvido da própria boca do Chapeleiro que as coisas sem sentido evitam um grande problema: o de procurar sentido nas coisas! Procurar muito o sentido não sobra tempo para viver. 
Se Alice eu fosse seria exatamente como eu sou: uma menina maravilhada com tudo o que vê, ouve e sente.
Se Alice eu fosse trataria de apressar a Drika para que ela não se atrasasse para a vida.

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