terça-feira, 1 de maio de 2012

DRAMÁTICA



Sou dramática demais 
e tenho 37 anos bem morridos.

E sempre me pergunto: quantos ainda serão vividos?

ABISMAR-SE


(BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso).


"ADORÁVEL QUER DIZER: ESTE É MEU DESEJO, TANTO QUE ÚNICO".

Já me perguntei tantas vezes 'por quê?'. Por que ELE?
Explosão do SIM nietzscheano!

Chico Buarque conversou com este pensamento de Barthes.
"Eu te amo porque é você e você me ama porque sou eu. Simples assim."

Certo que me caem agora alguns detalhes...

Mas serão apenas o detalhes que povoam o amor?
O objeto único de nossa afeição deve ter alguma sutil elevação que nos faz escravos desta fascinação sem igual.

Descobrir esta sutil elevação poderia nos destituir desta fascinação e, então, deixar de amar? Ou amar mais ainda por conhecer e poder compreender o que nos torna tão apaixonados?

Fato é que todo ser humano deveria incansavelmente buscar esta elevação que só o amor carrega.
Mesmo que signifique incorrer ao choro, ao sofrimento e ao abismo. 
Abismar-se como lido anteriormente neste livro - "lufada de aniquilamento que atinge o sujeito apaixonado por desespero ou por excesso de satisfação".

Prefiro milhões de vezes me abismar do que ter uma vida neutra em que o silêncio e o abandono de uma manhã cinza e fria me penetre.

Abismar-se...

Abismar-se...

COMO EU VEJO A EXISTÊNCIA HUMANA


Heathcliff

(by Lueine Tuany)
Heathcliff me assombra.
Este é um dos livros que eu mais li. 
Umas quatro vezes. E sempre pego pra ler de novo. Parei ultimamente de fazer isso, pois existem outros livros e não quero perder tempo. 
Mas é uma sensação estranha. Esse apego não é gratuito. Muitas vezes me vejo sentada sob a árvore das terras de Heathcliff e penso como poderia ser tudo diferente.
Como nossa vida poderia ser diferente se os inícios fossem outros.
Muitos finais seriam mais felizes.

DEIXAR-SE AO VENTO


E que seja sempre permanente a vontade de ir além do que se espera.
Fazer algo esperado é muito simples.
O inesperado me atrai. 
O que nasce e o que morre me encanta. Há muitas mortes inexplicáveis.
Fantasias que se vão. Mortas pelo medo de existir.
Coragem de pular.
Coragem para decifrar o que está além das palavras. Das linhas.
É preciso mergulhar neste mundo onírico para poder compreendê-lo.
Fazer parte. Tomar-se. 
O único desvio realmente suportável na vida é a emoção de deixar-se ao vento.


O NADA

Em dias ociosos cada um tem seu ritual: uns tomam sol, outros comem sem parar, alguns visitam os amigos, colocam o trabalho em ordem porque são workaholics e não se desligam, muitos festejam, brigam, reclamam ou amam. Fato é que nós descobrimos prazeres próprios, únicos. Fazer 'nada' talvez seja um prazer - momentâneo pra quem já faz muito diariamente. O 'nada' é muito subjetivo: ler, estudar e escrever pode ser nada para uns; como 'badalar' pode ser absolutamente nada para outros. Creio que o importante não é creditar o que se fez ou não fez, ou ainda, comparar gostos e atitudes. É realmente importante sentir-se bem em dias ociosos; companhia de quem se ama - e por que não a nossa própria companhia? Sempre vem a pergunta do dia seguinte "O que você fez no feriado?". Se você não festejou, não viajou, não saiu de casa ou não organizou sua vida, aparentemente não fez nada. E é exatamente no 'nada' que o tudo se faz. Nenhum ato criativo surgiu em meio às frivolidades. A boêmia é muito mais interna para alguns que fazem muito sem fazer nada.

CORUJA

Um animal? Uma coruja. Eu deveria ser uma coruja. Mas uma coruja inebriada de cafeína. Porque trabalho durante o dia (parte edificante da minha vida); e passo a noite a ler e escrever. É à noite que tudo faz sentido pra mim; é na noite que tenho minhas necessidades, ideias e entusiasmos. Quando era adolescente minha mãe apagava a luz do meu quarto para me obrigar a dormir. Naquela época não tinha computador não. Eram livros mesmo esparramados pela cama. Hoje, são livros e computador; livros dentro do computador; livros dentro da cabeça. Então, para burlar a impaciência de minha mãe, fingia dormir...deixava escorrer uns minutos precisos e retornava ao delicioso prazer proibido. Rendia-me horas. Quando a sensação de areia nos olhos chegava - sabia que era hora de dormir. Isso já pelas tantas da madrugada. No outro dia, ia para a escola ouvir professor me ensinar. E eles não entendiam! Como pode uma menina que parece dormir na aula só ter notas altas? E hoje? Como conciliar o espaço fugidio de meus pensamentos durante o dia? Crianças. Os únicos seres que me destituem da fluidez de meus sonhos durante o dia. E se não as tivesse? Seria uma boêmia incontrolável; talvez incauta de sua própria realidade. Todo mundo precisa de uma âncora, não é? Feliz de mim que tenho âncoras chamadas crianças.

A CRIANÇA!


Eu gosto mais das pessoas quando delas posso ver

A C R I A N Ç A...

(Um amigo me perguntou outro dia por que eu dava aula para crianças e que eu deveria dar aula para adultos. Lembrei de minha avó Julia dizendo "Criança é carne que cresce, por isso você não para..." / mal sabia que eu seria 'carne que cresce' até o fim de meus dias. Prefiro crianças. Prefiro carne que cresce. Porque tem muito adulto que acha que já cresceu tudo - e para. Esquece tudo o que aprendeu quando era criança. Esquece o principal. Adulto é monótono; já parou de crescer porque parou de acreditar no pó mágico da Sininho. Como pode alguém não acreditar no pó mágico da Sininho? Tem adulto criança? Alguns raros por aí...alguns raros meu amigo!

ESCREVER!


Quando escrevo fujo para um paraíso particular, fujo para todas essas coisas. Crio um mundo com as minhas cores e intensidades. São crenças em dias melhores quando a poesia cotidiana me encobre. Cultivo jardins de biopalavras, de pormenores que passam despercebidos e escapam à perspectiva informativa, mas florescem na dimensão afetiva e imaginária.

As pessoas pensam que o que escrevo é um portfólio de mim mesma, e talvez escrevo por um pouco disto; mesmo que eu não seja tanto assim o que escrevo, prefiro que pensem que sou do jeito que mostro o mundo. E eu que achei que um dia seria escritora; quem disse que não o sou? Pelo menos para mim mesma.

ROTINA!


Eu tenho medo da rotina. Fico cansada da rotina. Então, para deixá-la interessante, resolvi pintá-la com minhas palavras.

Rotina é aquela sensação de estar vivendo no piloto automático, são os xis marcados no calendário, e que no dia a dia nem se percebe, mas quando a gente vê: vira a folha.
Rotina não é necessariamente uma coisa ruim. É o chão para quando se voa mais alto que o céu e é preciso fazer pousos de emergência na vida regular. É ganhar fôlego. Rotina é o cheiro do tempero do feijão dos jantares que saem pela janela das casas e escapolem para a rua quando estou voltando. É saber que mesmo sob todas as tormentas haverá alguém esperando com uma caneca de chá e abraços confortáveis.
Lidar com a rotina é se permitir enxergar as pequenas revoluções cotidianas. Trocar o lado de dormir na cama. Procurar por caminhos alternativos; rotas de carro para o trabalho e de sorrisos para o dia a dia; e buscar alegrias nos detalhes.

O MELHOR LUGAR DO MUNDO!


O melhor lugar do mundo é um lugar que mesmo em meio ao caos e a desordem, ao seu lado, é um lugar confortável para se estar.

É acordar com esperança nas energias renovadas no dia um de janeiro; é abraço apertado em dias de coração apertado; é a música favorita que te faz pensar na pessoa favorita; é sonho bom. É xícara de chocolate quente para aquecer a mão e o peito em dias frios; é jardim florido de girassol.
Mas de todos os lugares, o melhor lugar do mundo somos nós. Eu escrevo, pinto e faço o mundo do jeito e das cores que quero que ele seja. Na bússola, o meu norte, meu amor, sou eu, você e nossos lindos e sinceros planos.

DIA DO TRABALHO!

Hoje é o Dia do Trabalho! 
Não acredito que datas comemorativas signifiquem mudanças ou festejos. São instituídas para lembrar o que nunca deveria ser esquecido. 
Agradeço pelo meu trabalho!
Lamento pelo desemprego e as consequências dele.
Não desisti de acreditar que o ser humano, mesmo falho, possa ainda promover justiça neste mundo.
Mas ainda não engulo, não concebo e não suporto o trabalho infantil. A família precisa da renda pra sobreviver. A culpa não é da família, mas das grandes empresas - as mães capitalistas - que usurpam o direito dessas crianças de serem crianças.
O Dia do Trabalho deveria ser próprio de quem sabe o que significa.
Pior do que trabalho infantil é o TRABALHO ESCRAVO INFANTIL, muito comum em países subjugados e também (vergonha) em países considerados progressistas. Parafraseando Renato Russo "Que mundo é esse?".
Uma impotência muito grande toma conta destas palavras que aqui registro, mas que fique claro FELIZ DIA DO TRABALHO para quem não desiste nunca - pelo menos de pensar com justiça!