domingo, 5 de dezembro de 2010

O QUE EU QUERO?















O que eu quero?

Quero uma saia de filó, com generosas rendas de filosofias para cobrir meus dias sós.

Um bom livro na cabeceira e um colchão macio com lençóis limpos para espantar meus medos antes do sonho.

Quero brigadeiro e pandeló para os dias de chuva e uma oração sagrada que lave o que o vento levou de mim.

Que daqui por diante seja assim: vestir o que ganho, esquecer o que perco. Porque na vida nada se perde quando se ganha a chance de gostar dos próprios defeitos.

Quero um jarro de lírios perfumando o ar de minha casa quando os odores da inquietação me visitarem.

Quero uma sinfonia de Beethoven no raiar da manhã e um maço de rosas vermelhas, inesperado, no portão.

Quero a inocência das crianças que acreditam em sereias e a certeza de que tudo ficará bem apesar do monstro que habita o porão de nossos vícios.

Quero o início das coisas. Quero você lutando por mim!

Quero a força de uma benzedeira velha para espantar o mau-olhado e um punhado de sal grosso para lavar as grosserias alheias.

Quero jogar tudo o que não me serve na boca de um jacaré: pessoas falsas, promessas não cumpridas, projetos inacabados, ansiedade, falta de fé, dinheiro ou paixão, toda inveja e fofoca.

Quero o amor!

Quero viver um dia de cada vez sem achar que tudo era para ontem!

Minhas sobrancelhas têm um jeito muito especial de ostentar seus pesos e suas medidas.

Os olhos enganam, a boca trai, as mãos tremem, mas as sobrancelhas não mentem jamais.São nelas que se encontram todo e qualquer subtexto.

Todo espanto do mundo pode ser percebido num simples levantar de sobrancelhas.

Quero você me lendo. Me despindo. Me descobrindo. Vivendo comigo.

Não quero mais ter olheiras tentanto esconder, nem poemas impublicáveis, nem fingir...

Quero a insustentável leveza do ser...

Quero dizer para todos o quanto eu te amo, caminhar segurando sua mão e saber que você está aí.

Quero me bastar, porque somente quando nos bastamos conseguimos tocar verdadeiramente as virtudes daqueles que amamos.

Quero que minhas palavras tragam pra perto de mim somente pessoas de aura arco-íris.

Quero ser comigo o que sou com os outros: gentil.

Quero ouvir mais "sim" do que não. "Sim" - eu vou ficar com você. "Sim" - eu te amo.

Quero me tornar amiga inseparável do tempo, partilhando com ele meus momentos e não culpando-o por minha incapacidade de acompanhar o seu compasso.

Quero não me ausentar de mim quando as coisas ficarem feias.

Quero rir até o ventre doer e sem motivos para isto.

Quero o balé do beijo, pés descalços, água gelada, vinho tinto, noites bem dormidas e um punhado de criatividade para alinhavar qualquer desalinho.

Quero que essa tristeza que vive em mim vá embora.

Quero te ver na primeira cor da manhã enquanto durmo.

Quero viver com você, para você e por você!

domingo, 31 de outubro de 2010

Eu tiro o chapeu pra vida!




















"DIE LIEBE HÖRET NIMMER AUF"
O AMOR NUNCA MORRE

Frase retirada do Novo Testamento. Encontra-se no túmulo do pai de Nietszche.



Enquanto anoitece em certas regiões eu me dou conta de que parou de doer e isso me dói mais do que a dor perdida.
Não que houvesse apego a dor, mas porque enquanto ela não passava uma parte de mim acreditava no que poderia ter sido ou no que ainda poderia vir a ser.
Passou a necessidade de entender. Passou a urgência.
Ficou a velha parede descascada. Pálida como a minha fé. Eu tinha tanta fé na sua força. Na sua coragem.
A sensação é uma lembrança do que nunca aconteceu. O perfume que se esgotou de uma carta que não fora enviada, ou melhor, foi enviada e você a guardou comigo.
Velhos muros, novos sonhos para pichar.
Com tinta, saliva ou sangue. Assim deve ser.
O contrário é que não pode acontecer: novos muros, velhos sonhos.
Amanhã, quem sabe, quando estiver refeita desse susto, poderei pichar um novo poema, ou, acreditar novamente em minha fé.
Eu não fujo da briga, eu apenas tenho prioridades. E convencer pessoas - mesmo as que mais amo - de que elas estão equivocadas não é uma delas! Prefiro botar meu bloco na rua...
De repente você cansa.
Cansa das músicas que sempre ouviu, das pessoas que te cercam, das roupas do armário, das ruas em que anda.
Cansa do jeito que penteia o cabelo, do jeito que levanta da cama todos os dias e das palavras que escolhe para não dizer o que realmente gostaria de dizer.
Cansa de procurar beleza onde beleza não há e até mesmo de desculpar.
Cansa de tentar fazer os outros enxergarem que seus pesadelos são apenas uma ponte rumo ao nada e não uma encruzilhada.
Cansa de ofertar o verão que queima nos olhos e de ostentar indiferença; e cansa, sobretudo, de fazer a diferença.
Cansa de tentar fazer o certo o tempo todo e de se perdoar quando faz o errado.
Cansa pelo drama do amigo distante, cansa pelas lamentações do amigo ao lado.
E por mais que você corte o cabelo, compre roupas novas, faça uma viagem, leia sobre assuntos inimagináveis, faça uma tatuagem, delete amigos do seu convívio, esse cansaço não passa.
Porque no fundo eu não estou cansada do mundo, mas como eu reajo a ele.
Não é difícil aceitar as pessoas como elas são, difícil é mudar a maneira como reagimos a elas.
Não é aceitar a vida como ela é que cansa, mas sim a dança que fazemos para nos esquivarmos de tudo aquilo que não entendemos ou sentimos medo.
Cansa tanto saber que estou apenas vivendo os dias, mas não estou viva!
Cansei de borrar meus lençois com lágrimas de um amor perdido.
Cansei de borrar minhas roupas nas sarjetas das impossibilidades.
Cansei de borrar minhas unhas tentando tocar o que não está ao meu alcance.
Borrei minha vida tentando me livrar de tua ausência.
Eu queria que as coisas fossem mais simples! Mas elas são. O que falta é coragem!
Simples como as manhãs de domingo.
Como perdoar alguém que desistiu do amor?
Como perdoar alguém que desistiu de mim?
Eu preciso me reconciliar comigo mesma. Ter fé novamente em mim.
Eu moveria o mundo por você!
E você não move uma palavra aos meus ouvidos.
Eu tiro o chapeu pra vida!
Quando achei que finalmente ela sorria pra mim...

Halloween!

sábado, 16 de outubro de 2010

Tempo da delicadeza!










Descobri como se chega no tempo da delicadeza: chegamos no tempo da delicadeza quando conseguimos rir do que passou.
Quando conseguimos rir e sentir um acréscimo de estima por nós mesmos pelas tolices vividas.
Quando deixamos de sentir vergonha de nossos vexames e passamos a encará-los como estilo pessoal.
E estilo é como inteligência: ou você tem ou não.
Bukowski dizia que "estilo é a resposta de tudo, é um jeito especial de fazer uma tolice ou algo perigoso".
Posso não ter sido muito inteligente em alguns passos que dei, confesso, mas, todos eles foram vividos com muito estilo.
Chegar no tempo da delicadeza não quer dizer, necessariamente, entender o que se passou. Aceitar a maneira como o roteiro se desenrolou ou padecer de ausência de vontades.
Quer dizer, simplesmente, que você consegue rir dos tropeços que deu no baile dos seus sonhos e que sente orgulho de ter se jogado na dança apesar de não saber dançar o ritmo das nuvens.
O tempo da delicadeza, o bom e velho Chico, esqueceu de dizer:
é o tempo em que nos amamos, incondicionalmente, apesar e além de...
Quantas ruas sujas e abandonadas é preciso percorrer até que se entenda que as pessoas irão te magoar. Magoar única e profundamente: de um jeito que não se conceba que um ser humano possa fazer com outro.
Quantas noites mal dormidas serão necessárias para se entender que o sono é algo que o coração machucado não compreende.
Ninguém volta o mesmo de uma viagem.
A inocência perdida.
Para se amar de amor é preciso primeiro amar a si mesmo.
Só ama de amor aquele que conhece os próprios abismos e não espera encontrar no colo do outro um paradeiro para suas quedas.
É preciso encontrar um meio de sorrir mesmo quando a tempestade se anuncia.
Para se amar de amor é preciso aceitar que o outro existe independentemente de você e que você existe independentemente dele.
É preciso um bocado de inteireza e beleza nos olhos para não punir as manhãs que despertam cinza.
É preciso não culpar o outro por nossas falhas e faltas.
Para se amar de amor é preciso falar baixinho, porque o amor, como os passarinhos, foge diante de qualquer grito.
Para se amar de amor é preciso estar inteiro, porque quem ama a ilusão de que o outro é a parte que faltava, não ama de amor, mas sim a ideia de estar completo.
Só se ama de amor aqueles que sabem que o amor não é um encontro, mas um acontecimento inevitável.
Meu chão está faltando. Estou juntando os pedaços e não sei se um dia eles estarão como foram antes. Como é difícil respirar sem você!

sábado, 25 de setembro de 2010

Âncoras ou asas?

















O que você é?
Âncora ou asa?

Algumas pessoas são âncoras.
Algumas pessoas são asas.

Quando me vejo impossibilitada de falar tudo o que penso, o que criei como ideologia, o que me constroi a essência; tenho mãos amarradas, ar de doente, olhar de demente. Será que um dia vou acabar assim? Covarde nas decisões, amante nas coisas indefinidas e querendo compreender suicidas. Sem rumo, andando por aí podemos encontrar pessoas. Pessoas âncoras. Pessoas asas.

Pessoas âncoras estacionam nossa felicidade no lugar. Derrubam nossa fome. Destroem nossos sonhos. Inibem nossos pensamentos. Criticam nossa imaginação. Proíbem o destempero da vida e criam um arco-íris monocromático.

Pessoas asas são o vento. A cor. A luz. O amor. Sobem sem saber como chegaram no topo. Caem sem reclamar, porque descobrem que podem recomeçar. São livres de mãos dadas, criadoras e criaturas, são sintomas dos sonhos e não temem a morte.

Quem você é?

Com quem você convive?

Com quem você quer passar o resto da sua vida?

Às vezes não sei por que eu gosto da vida.
Qual o propósito de ser asa se preciso ver repetidamente um amor ancorado?

Queria poder soltar-te as amarras.

Mas sei que há uma coragem em ti que ultrapassa meu entendimento.

Que orgulho tenho de ti! De tuas palavras, de teu pensamento, de tua não corrupção.
Muito da vida se perde na espera. Vivemos no por enquanto.

Quem nasceu para ser asa não há como ancorar.

Eu te espero voar para meus braços.

domingo, 22 de agosto de 2010

A BAILARINA



















A BAILARINA

A bailarina voava em meio aos aplausos. Subia e descia em arabescos de movimentos delicados. Como era linda a sua pele! Nenhum possível movimento poderia ser mais belo como os que ela criava com tanta inocência.
Meu peito pulava todas as noites pelo simples prazer em observá-la!
Mas tão linda criatura já deveria ter entregue seu coração ao mais belo rapaz! Que pena! O que eu, pobre coitado, poderia conseguir? Somente olhá-la, sorvê-la, acreditá-la.
Um dia, ao final do último espetáculo, resolvi buscar-lhe a palavra, somente para transmitir-lhe minha admiração. Coragem é algo que se carrega ou não. Em meu caso, nunca soube o que é ter o peso de tamanha iguaria. Minhas mãos suadas perdiam espaço para a garganta seca. Enfim, como sempre, não consegui encontrá-la. Ela nunca soube, nunca soube o amor que me despertara. A alegria de ver-lhe durante meses, todos os dias, me fez sentir o que realmente sou, minha essência, minha metade. A coragem me faltou, mas, até hoje, a bailarina ainda não me falta.
Soube, depois de algum tempo, que contraiu uma doença degenerativa. Aquela sílfide linda, perdera os movimentos e nunca mais dançou nos ares. Perdeu a memória e sofreu uma vida de ausências.
Hoje, meus remorsos de não dizer-lhe sobre meu amor, me corroem e afastam das lembranças alegres. Soube também por intermédio de um dos funcionários do teatro, que a linda bailarina havia perguntado quem era o fino e elegante moço que todas as noites sentava no mesmo lugar e aplaudia os espetáculos em pé.
Ela me viu. Ela me sentiu.
Eu não tive coragem.
E ela se perdeu sem saber que eu me perdi por ela.

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"As canções que canto, ele as vive em sofrimento. As histórias com que me alegro são as de sua dor. O Amor é mesmo maravilhoso. É mais precioso que os diamantes e mais estimado que a mais fina opala. Pérolas e romãs não podem comprá-lo, nem se pode encontrá-lo nos mercados. Os comerciantes não o vendem e a balança não é capaz de medir seu peso em ouro."

(o Rouxinol e a Rosa - Oscar Wilde)

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Eu escrevi "A Bailarina" em 2006. Ando vasculhando minhas coisas ultimamente e tenho encontrado vários escritos. Eu sonhei com a bailarina uma vez. No dia seguinte escrevi. Estranho como algumas coisas que escrevo me vêm em sonho primeiro. Acordo com a ideia na cabeça e não sossego enquanto não a escrevo. Mas a maioria do que já escrevi guardo para mim. Não consigo imaginar que alguém possa ler. Talvez vergonha. Talvez medo. Não sei. Escrevo como se meus pensamentos se costurassem às palavras. Porém, eles se desmancham com a hipótese da plateia. Queria ser como a bailarina. Às vezes, fecho os olhos e sei que sou ela. Sou ela esperando alguém. Que me vê, que me ama, mas que precisa ter coragem. Eu continuo dançando com as palavras...
Dançando até fechar os olhos para sempre.

sábado, 7 de agosto de 2010

Hoje é 7 de agosto.



















Tenho várias lembranças de minha infância, algumas suaves outras nem tanto assim. Quando tinha uns cinco ou seis anos, lembro-me de um ritual quase artístico que fazia todas as manhãs quando ia à escola. No percurso, em frente à uma casa de portão verde e grandes cadeiras brancas, havia um monte de areia na calçada. Todos os dias que que passava por ali, fazia questão de subir e marcá-lo com meu tênis azul. Mesmo contrariando o adulto que me acompanhava, às vezes minha irmã mais velha ou minha mãe, praticava religiosamente a mesma brincadeira. Perguntava-me por que aquele monte de areia continuava ali sem que ninguém o usasse. Não havia vestígios de nenhuma construção ou qualquer outra serventia para ele. Mas eu não me importava. Era meu por alguns segundos das minhas manhãs. Foi muito triste quando tive de mudar de escola, pois o caminho que faria seria outro e não passaria mais por ali. Fiquei pensando se haveriam outros montes de areia para eu passar e deixar minhas marcas. Não houveram outros montes.Depois de muito tempo passei em frente à casa de portões verdes que sustentava uma grande placa "Vende-se". Na rua todos se conheciam e minha mãe quis saber o porquê da placa, pois uma senhora morava ali há muitos anos. Uma vizinha atenciosa informou que a velhinha havia morrido e que os filhos queriam vendê-la. Comentei minha tristeza e as lembranças de minhas brincadeiras na calçada da casa. A senhora me sorriu e me fez uma pergunta que até hoje não esqueci: "Então é você a menininha que brincava na areia?". Respondi que sim. A vizinha sempre perguntara à velhinha por que não retirara aquele monte de areia já que não iria usar para nada, pois a reforma que tinha feito acabara há tempos. Prontamente ela respondia que não queria magoar a menininha que brincava todas as manhãs na sua calçada. Eu nunca ouvi uma palavra da velhinha e nunca pude agradecer-lhe a intensa lembrança que me proporcionou na infância mas, ainda hoje, quando vejo montes de areia, me lembro dela e me pergunto se faria tal coisa para alguém que nem conheço. Às vezes, a vida nos coloca de cabeça para baixo, para que possamos aprender a viver de cabeça para cima. Tenho tanta saudade do monte de areia. Tenho tanta saudade da época em que era tão simples deixar minhas marcas. Eu penso na velhinha. Ela nem me conhecia. Eu espero tanto - porém, provavelmente, será uma espera apenas. Dói sentir a solidão por alguém que sempre vai embora. Eu acho que se a velhinha me visse sofrendo assim ela teria me dito que o monte de areia foi em vão. Ela só o deixava lá pra me fazer feliz e eu - e eu - não a tenho retribuído. Eu sofro. Eu choro. Eu espero o que não vem. Eu desejo o que não vem. Eu amo o que não vem. Eu moveria o mundo por você - com você. Mas hoje - especialmente hoje - eu não faço parte da sua vida. Talvez nunca faça. Desculpe querida amiga que se foi. Desculpe, porque se você me visse escrevendo hoje - triste como estou - talvez não tivesse deixado o monte de areia para mim. Desculpe e obrigada.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A tristeza me toma.


















Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim…
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno – não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.


O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.


PESSOA, Fernando. Poesia completa de Álvaro de Campos. São Paulo: Cia das Letras, 2007. p.287-292.

domingo, 18 de julho de 2010

Isto é amor.

















ISTO É O AMOR, QUEM O PROVOU BEM SABE...

Abater-se, atrever-se, estar furioso,
áspero, brando, liberal, esquivo,
animado, exaurido, morto, vivo,
leal, traidor, covarde, corajoso,

não ver, fora do bem, centro e repouso,
mostrar-se alegre, triste, humilde, altivo,
desgostoso, valente, fugitivo,
satisfeito, ofendido, temeroso;

furtar o rosto ao claro desengano,
beber veneno por licor suave,
esquecer o proveito, amar o dano;

acreditar que o céu no inferno cabe,
ceder a vida e a alma a um desengano;
isto é amor, quem o provou bem sabe."

VEGA, Lope de. Tradução de Marco Catalão. In: Ars Poetica.

Eterno amor.













Doce confissão...

"Quando durante o Primeiro Congresso de Escritores Brasileiros, reunido em São Paulo nos inícios de 1945, me apaixonei por Zélia, comuniquei ao poeta Paulo Mendes de Almeida, meu amigo e amigo dela, apontando-a entre as muitas senhoras e moças que acorriam às sessões, umas poucas para acompanhar os debates, a maioria para namorar:

- Aquela ali vai ser minha mulher.

Paulo riu da minha cara.

- Aquela qual? Zélia? Jamais, não é mulher para o seu bico.

Não desisti, não tirei da cabeça, estava me roendo de paixão, fiz o que o diabo duvida, não deu outra, em julho Zélia veio morar comigo. Não vai durar seis meses, agouraram, dura até hoje." (Jorge Amado, 'Navegação de Cabotagem')


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OUTRO DIA SONHEI

Outro dia sonhei que o coche fúnebre
vinha buscar-me e não achava-me preparada:
não estava nem morta nem doente,
e sentia que tinha de partir.
Então, disse para o cocheiro:
"Espere um pouquinho,
que estou acabando de ler este livro."
E o cocheiro concordou e esperou.
Deve estar esperando.


MEIRELES, Cecília. Sonhos. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Vol. II. Organização de Antonio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p.1293.

Não quero fechar a porta.



















Fechar as portas é sempre um momento de barbárie.
Prova de nosso temor
É uma inépcia obtusa que nós usamos para dormir tranqüilos.
Fechar as portas é uma profissão, uma especialidade.
Um crime que nós cometemos todos os dias
Em nome do medo.

Raul Rivero

Para viver um grande amor!


















Para viver um grande amor - Vinícius de Moraes, in Para viver um grande amor (crônicas e poemas)



Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor. Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor. Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor. Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor. Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor. Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor. Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor. É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor... Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica, e gostosa, farofinha, para o seu grande amor? Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor. É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor. Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.


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Il piú bello dei mari
é quello che non navigammo.
Il piú bello dei nostri figli
non è ancora cresciutto.
I più belli dei nostri giorni
non li abbiamo ancora vissuti.
E quello que vorrei dirti di più bello
non te l´ho ancora detto.



O mais belo do mares
é aquele que não navegamos.
O mais belo dos nossos filhos
ainda não é crescido.
O mais belo dos nossos dias
ainda não vivemos.
E aquilo que quero dizer-te de mais belo
ainda não te disse.

Nazim Hikmet

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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Saudade














Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia-luz,
Os estenderia sob os teus pés.
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos.
Eu estendi meus sonhos sob os teus pés
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.

William Butler Yeats


...sem dedo furado sem sangue encostado
fico apenas com a sua promessa
dita assim mesmo no espaço entre os beijos
no intervalo entre os apertos
no encontro rápido quando pouco se fala
quando muito se quer
quando sem pactos ou rituais
fico apenas com a sua palavra
acalmando e garantindo que haverá uma outra vez!
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"...mas há a vida que é para ser intensamente vivida,
há o amor que tem que ser vivido até a última gota.
Sem nenhum medo. Não mata."

Clarice Lispector
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...ficar sem você dói. Doeu. Dói. Como corte do dedo e álcool depois. Como caco no pé e alguns passos pra frente. Como espinho sem querer na tentação de arrancar a flor. Como lábio mordido por dentro. Como dedo batido na quina. Como soco no estômago. Puxão de cabelo. Queda de escada. Arranhão. Pancada. Como gelado descendo na garganta inflamada. Como tapa de mãe quando se é pequeno. Soco na cara. Mão na tomada. Parto natural. Doeu muito mais do que você imagina. Qualquer dor destas acima não chega nem perto desta dor que me rasga o coração. Desta dor de ficar longe de você. Prefiro qualquer uma destas dores do que me separar... Mas a vida é a vida. E eu não encontro remédio nenhum que me cure desta dor. A dor da saudade. Saudade de você.

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

O que tinha de ser!

















O QUE TINHA DE SER...
TOM JOBIM/VINÍCIUS DE MORAES

Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher.
Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh’alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser.


domingo, 11 de julho de 2010

O caminho do meio.















"Eu não faço nada por obrigação
o que os outros fazem por obrigação
eu faço por impulso de vida
[como haveria de fazer por obrigação
os gestos do coração?]

Whalt Whitman

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Sempre achei que só se sente sozinho quem não gosta da própria companhia.
Não gosta ou simplesmente não sabe do que gosta e por isso não pode partilhar consigo mesmo a alegria de rir de velhas histórias e a loucura de delirar diálogos que nunca existiram.
Outra teoria destruída.
Seria tão melhor compartilhar com você a alegria de rir de velhas histórias...a loucura de delirar diálogos que de fato existiram.
Você me apresentou um novo EU. Antes, era simplesmente E.T.
Agora, que pliê, eu me rebatizo "gauche".
Desde pequena ouço os mais velhos dizendo " siga o caminho correto", "o caminho do bem", "o da direita" "o do meio", e por aí vai...
Sempre que tento andar por estes caminhos acabo me perdendo no meio do caminho.
Me perco porque acho que estou no caminho errado e saio em busca de atalhos, sem saber que, certas fomes, certos dramas, certos enredos, certas tramas não têm saída: é matar ou morrer e depois, renascer.
Não, não sou extremista. A vida, às vezes, é que me parece pedir atitudes extremas. Não há escolhas sem perdas, caminhos sem pedras, e como diria Nietzsche não há ressurreições sem sepulturas.
Querer andar no caminho do meio sem ser uma águia. Se não tenho olhos de águia para contemplar o outro lado da montanha , por que deveria forçar meus olhos de menina na amplidão? Se não tenho olhos de coruja por que deveria forjar uma sabedoria que ainda não alcancei?
Simplesmente por que é mais bonito? Mais sensato? Mais equilibrado? Mais sábio? Mais maduro? Simplesmente por que é o que esperam de nós?
Não saber andar no caminho do meio não me gera vergonha. Pelo contrário, eu teria vergonha de engrossar a fila da mesmice.
E se eu quiser achar que o caminho do meio é o caminho da mediocridade? Da mornice? Do tédio? Da acomodação?
Por que a virtude está no meio? Quem inventou esta fábula?
Não seria esta fábula um mero sistema de controle? Onde se pretende amordaçar, aprisionar, aquietar e amansar almas que não se contentam com a superficialidade do mundo e das pessoas rasas?
Picasso, Van Gogh, Baudelaire, Sartre, Beauvoir, Drummond, Beethoven, Lispector, Pessoa, Bukowski, Dylan, Maiakovski teriam feito suas grandes obras se estivessem no caminho do meio? Ou as fizeram exatamente porque estavam em busca dele ou à margem dele?
O que me aflige é essa história de que devo andar neste tal de caminho do meio e me queima essa sensação de inadequação quando percebo que meus passos são largos demais para caberem nesse pliê.
Imagino um caminho longo, cheio de pontes e paisagens. E se eu fosse obrigada a fechar os olhos? Não quero fechar os olhos. Eles estão abertos, foram eles que te viram, que te reencontraram.
Talvez eu tenha de fazer esta viagem sozinha, sem você...esta seria a escolha do caminho do meio. Eu nunca escolhi o caminho do meio. Nunca cerrei meus olhos e nunca deixei que o fizessem por mim.
Essa é a primeira vez que a escolha do caminho não depende de mim.
Eu rezo para que você não feche os olhos e que continue a viagem junto comigo.

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"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos".

Fernando Pessoa

quinta-feira, 8 de julho de 2010

SAUDADE



















SAUDADE
Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh’alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

AUGUSTO DOS ANJOS



Hoje me faltam palavras...piso e não encontro o chão.
Sei o que tenho de fazer, mas minha vontade é me afogar no mar, "naquele" que mudou de lugar só pra me fazer feliz.

quarta-feira, 7 de julho de 2010
















Eu ...


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

(Florbela Espanca)

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Hoje tentei abandonar o que precisa ser abandonado.
Partir para não fazê-lo sofrer.
Eu sou a última das pessoas deste mundo.


"Somente onde há sepulturas há também ressurreições"

(Nietzsche)

O rio escorre as águas dos meus olhos.
Minha cabeça dói de tanto chorar.
Tentei explicar, tentei argumentar...
EU SOU A PIOR DAS COMPANHIAS, A PIOR TUDO...
E nem assim...


Eu não consigo me olhar no espelho. Não consigo me tocar. Não quero que me toquem.

Eu sou DELE. Talvez os andarilhos tenham a resposta para tudo no mundo.

Eu não queria magoar ninguém. Meu coração está sangrando e eu estou me anulando.

Me anulando por não ter coragem...talvez eu devesse sumir da vida de todos. Eu só causo dor. Eu sou a dor.

Essa seria uma boa solução. Desaparecer como um vento leve que partiu. Desaparecer da vida DELE - do meu amor - deixá-lo seguir sem mim, sem problemas, sem tristezas. Deixá-lo onde reza sua responsabilidade. Quem sou eu? Ninguém - ou melhor - sou alguém que magoa e fere, que não corresponde ao amor de quem deveria.

Tentei enxugar as lágrimas hoje enquanto dirigia e quase matei um cachorro. Seria mais um.

Se ao menos ELE fosse ficar comigo...segurar minha mão...dizer que me ama e que tudo ficará bem.

E esse vazio...esse buraco aqui dentro...esse amor delicado e lindo que me enche. O amor deseja a eternidade da coisa amada. Você sempre será eterno para mim. Sempre.

Ah, meu coração sangra...

NÃO ESQUEÇA NUNCA, MEU AMOR, NUNCA - QUE EU TE AMO - MESMO DISTANTE, MESMO PARTINDO - SEMPRE TE AMAREI. SOMOS UM.

"Sim, meu amor por ti já estava em mim, antes que te conhecesse. Então, eu te conhecia sem o saber! Agora, que te encontrei, re-conheci o rosto que eu já amava sem saber. Tu, minha amada, já existias em mim desde antes do começo dos mundos!"

...Quando te vi, amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei".

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 6 de julho de 2010

“Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.” (Mário Quintana)



















"Conheci uma margarida mas não me lembro onde
Andei pelas ruas com margaridas e parreiras ao meu lado
Conheci muitas delas mas nunca conheci uma rosa
Conheci várias lavandas que deram muito trabalho
Até violetas conheci e quase fui feliz
Conheci todo tipo de flores
Mas nunca uma rosa
Dentre as dálias passo meu tempo
Deixei um lírio no vale mas às vezes eu pondero
Me pergunto enquanto ando por entre campos e arbustos
O problema talvez seja quem sabe?
Mas eu nunca conheci uma rosa
Nunca conheci uma rosa
TALVEZ NUNCA TENHA PROCURADO POR UMA
Enquanto vagava pelas trevas, será que passei por ela?
No final das contas,
Será que a culpa é minha?
Quem sabe...
Mas eu nunca conheci uma rosa
Nunca conheci uma rosa"

( Trecho de "O Pequeno Príncipe").

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Proust disse que a leitura é para nós a precursora cujas chaves mágicas nos abrem no fundo de nós mesmos a porta das moradas onde não teríamos sabido penetrar.

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Você me lê tão calmamente e profundamente. Sou um livro em tuas mãos.
Palavra por palavra me sinto lida. Refeita. Feliz.
Você me vê como sou, como posso ou poderia ser, como me vejo e até como não!
Que mágica ou milagre há nesse encontro que me cura do que ainda nem adoeci?
Eu gostaria de agarrar o tempo e dizer a ele que não passe.
Eu ainda quero ver o sol atrás do muro
E cair do outro lado de mãos dadas com meus sonhos
Quero pintar meu rosto com sementes de girassol
Cantar alto e gritar para a face da lua
Dizer a ela que sempre quis nadar em cachoeiras
Subir mais em árvores
Ver mais arco-íris
Andar descalça
Soltar bolhas de sabão
Correr na areia
Me lambuzar de chocolate
Viajar de trem
Cheirar mais flores
Descobrir novas cores...
Lua, lua, lua...
Se eu tivesse muito, mas muito mais tempo
Trocaria tudo isto - sem pensar...
Por acordar de manhã ao lado dele
Dormir escutando seu boa noite
Enrolada em seus braços e pernas
Saber de suas perguntas e vontades
Passar minhas mãos entre seus cabelos e vê-lo dormir
Cuidar de suas dores e de suas menores vontades
Ah, lua...tua inconstância não combina com ele
ELE que me trouxe a certeza do amor que sonhei
ELE que me devota o mais puro e doce amor
ELE que me desperta de um sono sombrio de tristeza
ELE que não desistiu de me procurar.
ELE que tenho certeza que voltará pra me buscar.

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"Quero deitar na tua escama, teu colo confessionário
De cima da pedra não se fala em horário
Bem sei da tua dificuldade na terra
Farei o possível pra morar contigo na pedra..."

(A Pedra mais alta - Fernando Anitelli).

segunda-feira, 5 de julho de 2010
















EPITÁFIO (ROBESPIERRE)

Hoson zes, phainou
Meden holos su lupou
Pros oligon esti to zen
To telos ho chronos apaitei
Enquanto você viver, brilhe
Não sofra nenhum mal
A vida é curta
E o tempo cobra suas dívidas ...




EPITÁFIO PERDIDO BY Adriana

Aqui não é minha parada

Nem meu esconderijo.

Vivi sempre tentando voar

Mesmo com os dedos amarrados

E marcados por espinhos.

Tentei muito e não consegui

Consegui sem tentar

Morri querendo amar

Agora não há mais tempo.

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Escrevi este meu epitáfio há algum tempo.
Agora deveria mudar o final.

...morri querendo amar, e consegui...

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Walden; ou, a Vida nos Bosques
Henry David Thoreau (1817–1862)

Eu fui aos bosques porque queria viver deliberadamente, enfrentar somente os fatos essenciais da vida, e ver se eu não podia aprender o que ela tinha a me ensinar, e não, quando viesse a morrer, descobrir que não havia vivido. Não queria viver o que não fosse vida, viver é tão bom; nem queria praticar resignação, a menos que fosse realmente necessário. Eu queria viver profundamente e sorver toda a essência da vida, viver violenta e espartanamente de forma a derrotar tudo que não fosse vida, e reduzí-la aos seus mais simples termos, e, se isso se provasse pobre, porque então alcançar a sua miséria completa e genuína, e anunciar esta miséria ao mundo; ou se fosse sublime, conhecer de experiência, e ter condições de dar um relato fiel disto em minha próxima excursão.

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Eu queria viver profundamente e sorver toda a essência da vida...

Não queria viver o que não fosse vida... o que não fosse vida...

Tudo o que vivo - sem você - não há vida. Somente existir.

Sempre achei que a vida era tão importante e preciosa. Resignação.

Como ser resignada se eu quero viver? Não somente respirar...porque sem você o ar me falta.

Tem dias que a única inspiração que me cabe é escrever meu epitáfio. Até nele VOCÊ me trouxe vida.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Escrevi antes para ler agora.
















Escrevi este texto há um tempo atrás. É interessante como, às vezes, leio o que eu escrevi e me pergunto se algo mudou... escrevi sem saber para quem...hoje sei que já tinha um guardador, um dono.

Me pergunto por que eu tenho esse olhar para o mundo?
Para as pessoas...
Para os sentidos...
Por que tenho um olhar e não posso simplesmente ser como as ondas?

Seria tão mais fácil ir e vir...sem buscar tantos nomes para "isto"!
Me lembro de Julieta "Ah, Romeu, largue teu nome e seja apenas tu...o que é um nome? A rosa teria igual perfume se não se chamasse rosa?..."

Muito da vida se perde na espera. Vivemos no por enquanto...


Será que um dia eu descerei desta solidão?
...onde está você agora???...

Não me sinto mais sozinha depois DELE.


Eu quero...

Quero acordar do seu lado num domingo de manhã e saber que não temos hora para sair da cama.
E, depois, ir tomar café na padaria e ler o jornal com você.
Quero ouvir você me contar sobre o trabalho e falar detalhadamente de pessoas que eu não conheço, e nem vou conhecer, como se fossem meus velhos amigos.
Quero ver você me olhar entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de voltar a folhear novamente ou puxar um assunto para que eu sorria mais uma vez.
Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do carro, no caminho de casa.
Quero deitar no sofá e ver você cuidar das plantas, tirar suas fotos ou arrumar as roupas esquecidas em cima da cama.
E que, sem mais nem menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça, me beije e me abrace como nunca fez antes com outra pessoa.
Que me ame como se fosse o último dia, mesmo sabendo que nunca conseguiríamos nos afastar um do outro.
E que pergunte se eu quero ver um DVD mais tarde.
Quero tomar uma taça de vinho - Lambrusco - no fim do dia e deitar do seu lado na rede, na cama ou no chão olhando a lua e ouvindo você me contar histórias do passado.
Quero escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele, mesmo sabendo que eu provavelmente ou talvez não estarei lá.
Quero que você ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos juntos.
Quero que você a descreva em detalhes, que fale do jardim que construiremos e dos sonhos que buscaremos.
E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas, cheira suavemente meus cabelos e me beija o rosto.
Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência, e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem.
E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos sonhos que compartilhamos enquanto olhávamos a lua.
Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento.
Então, que não se arrependa.
Da gente.
Do que fomos.
Do que poderíamos ser.
De tudo o que vivemos.
Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos.
Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais.
E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida.
E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.
Que você nunca mais deixe de pensar em mim quando pensar em amor.
Que se lembre de que já vivemos e em cada uma destas vidas...fomos parte um do outro.
Que diga EU TE AMO tantas vezes e que a cada vez o som se torne diferente porque nosso amor somente aumenta.
E, por fim, que você continue a dançar na sala.
Para sempre.
Mesmo quando eu não estiver mais olhando !


"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música".
Friedrich Nietzsche

Aquele a quem eu AMAR escutará a música junto comigo.

MAS EU JÁ TE AMO.

VOCÊ SOU EU. EU SOU VOCÊ.

quinta-feira, 1 de julho de 2010





















Se eu te acompanharia e quebraria minhas frágeis promessas? Certamente.
Se me casaria? Meu coração já é teu em matrimônio. Um matrimônio de alma.
Eu tenho tanta fé em você...em nós.
Algumas vezes a fé dá lugar ao desespero.
Mas é com você que não guardo segredos e me revelo por inteiro.
Em teus braços encontro a paz...que só merece quem antes devora e deixa-se ser devorado.
Há silêncio aqui dentro e ele só é quebrado com sua presença.
São palavras de quem esperaria a vida toda pelo seu amor.
Eu te espero amor... te espero há muito tempo.

Já não sei mais o que fazer com todo esse amor...então o coloco em tuas mãos. Você é meu guardador.

Minha paz.

Minha vida.


Queria dizer a todo mundo do amor que sinto.

Não queria me esconder atrás de cortinas.


"Olhos fechados pra te encontrar,
Não estou ao seu lado...aonde quer que eu vá....
Levo você no olhar..."

sábado, 26 de junho de 2010

Coisas para se fazer!

















Como esta noite findará
E o sol então rebrilhará
Estou pensando em você
Onde estará o meu amor?

Será que vela como eu?
Será que chama como eu?
Será que pergunta por mim?
Onde estará o meu amor?

Se a voz da noite responder
Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós
Sós...

Onde estará o meu amor?
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer

Onde estará o meu amor?

("Onde estará o meu amor?", Chico César)


COISAS PARA SE FAZER A DOIS...

Andar de mãos dadas em todos e tantos lugares que a imaginação possa sonhar;
Passar a mão pelos cabelos na frente de qualquer um, pois amor é visível, reconhecível e não se esconde;
Dizer "saúde" quando um dos dois espirra - e sorrir - porque isso já caiu de moda;
Beijar o rosto repetidamente até arrancar o mais limpo e belo sorriso de quem se ama;
Tomar sorvete em qualquer praça, rua ou avenida, trocar de sabor só pra dizer que dividiu;
Escolher o filme do sábado à noite, ajeitar o edredon em conchinha, estourar pipoca ou simplesmente se deixar estourar de tanta felicidade;
Acordar de manhã e perceber que ele não foi embora, que está ali - te vendo dormir;
Ouvir o que ele fez o dia todo, e no outro, e no outro...imaginando que sempre o ouvirá - pois viver sem ele seria a exaustão dos dias sombrios;
Compartilhar o papel da bala, o ar, a cama, a comida, a roupa e a bebida; a vida, os sonhos e toda palavra - até mesmo a repetida;
Olhar nos olhos e achar que o mar mudou de lugar só pra me deixar mais feliz;
Ser dele, mas não como propriedade... como escolha e desejo de outras vidas;
Fazer amor como se o amor e o corpo dele fossem a gota gelada de água no dia mais quente do ano;
Ouvir tantas e quantas músicas e sentir que todas elas foram feitas só para nós dois;
Amanhecer tendo a certeza que ao anoitecer ele estará lá, me esperando;
São tantas coisas para se fazer junto dele...
Caminhar descalço;
Ficar em silêncio;
Gritar bem alto pra todo mundo ouvir: demorei tanto pra te encontrar - não deixe a vida nos separar.
Se você me deixar partir...todas essas coisas para se fazer a dois...nunca mais serão as mesmas sem você.
A cortina se fechará e a única voz ouvida será meu choro e a lembrança de um amor que nasceu bem antes de nós mesmos.

Não sei quando o amor começa. Talvez existisse desde sempre.















Trago marcas muito antigas, talvez você não saiba... E trago um sorriso meio amargo, machucado, e até um pouco de descrença e ironia... Venho de desencantos, desencontros, desesperos... Venho de muitas histórias e quase não tenho muitas coisas pra contar... Há tropeços, meu amigo mais recente, e chego cansada do passo não dado, da vida que vivi enxergando pelas vidraças, do peito que tem medo de se abrir para o abraço, e penso que talvez nunca mais aconteça, porque o outono e o inverno vão se fazer muito longos e as mãos irão desenhar poemas para serem guardados na gaveta...

É assim que me sinto, é preciso que você saiba. Você, que chegou erguendo seu olhar de espanto, tímido e apressado no meio da tarde. Você, o motivo desse estranho e inesperado encontro, e agora desse adeus, dessa vontade de voltar a correr em campos de trigo, com o vento nos olhos, numa alegria de menina maravilhada com as surpresas que a vida continua tramando, mesmo nas calçadas em que a gente nunca sonhou passear. Não trago respostas nem definições. Ao contrário, o que eu sei hoje da vida é muito pouco. Trago apenas algumas certezas aprendidas na filosofia simples de meia dúzia de esperanças, mais nada. E sei que existe uma saudade antecipada no momento de cada encontro.

(Baby Garroux)

...Léo e Bia souberam se amar...O.Montenegro

Ah, eu amo tanto!!!!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

ME ENCANTE















ME ENCANTE Pablo Neruda

Me encante da maneira que você quiser,como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar...
Me encante nos mínimos detalhes. Saiba me sorrir: aquele
sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.
Me encante com suas mãos, gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.
Me acarinhe se quiser...Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.
Me encante com seus olhos...
Me olhe profundo, mas só por um
segundo. Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar...E então,
volte a me fitar.Tão profundamente, que eu fique perdido.Sem saber o que falar...
Me encante com suas palavras...Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.
Me encante com serenidade...Mas não se esqueça também, que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.
Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem
dúvidas, com certeza.
Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva....
Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre...
Mas, me encante de verdade, com vontade...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

E a vida gira...mas para onde?














Chorei três horas, depois dormi dois dias.Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total.