sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

IMPRESSÃO DA DRIKA





É preciso aceitar que o outro existe independentemente de você e que você existe independentemente dele.
A maldade não está nos olhos de quem vê, mas nos olhos de quem não entende o que vê.
Quantas vezes julgamos o livro pela capa!
Bradshaw, psicólogo, teólogo, filósofo e antropólogo, explica que vergonha é o sentimento que nos torna humanos, pois ao sentirmos vergonha nos damos conta de que somos imperfeitos e por isso não somos Deus.
Vivemos numa cultura perversa e perfeccionista que nos leva constantemente ao desapontamento e por consequência à vergonha. A vergonha saudável nos ajuda a perceber nossos erros e corrigi-los. A vergonha tóxica nos impele a julgar aquele que não caminha segundo os padrões estabelecidos pela sociedade.
Quanto mais você gostar de si mesmo, mais perigoso você é para a sociedade. Você será mais livre, mais independente. Você não dará tanta importância para a opinião indiscreta alheia. Analise uma criança: ela gosta muito de ser ela mesma. Sua auto-estima está relativamente intacta. Seus conceitos ainda estão em formação. São, praticamente, uma folha em branco. Cada marca ou registro é livre por conta do que ainda viverão.
É muito difícil olharmos no espelho a cada manhã e aceitarmos humildemente que somos o que somos, qualidades e 'defeitos'. É entender que somos únicos, e essa sim é a nossa maior beleza - ser quem realmente somos. É como voltar a vermos com olhos de criança. Voltar a ser o super-herói, a princesa, a bailarina, o policial etc.
Ao nos depararmos com este universo de diferenças, entendemos que a beleza do próximo é beleza porque ele é único e, então, aprendemos a respeitá-lo como processo de valorização do outro.
Muitas de nossas convivências são baseadas em sistemas perfeccionistas e o perfeccionismo gera desapontamento. E é basicamente para banir o desapontamento que, ainda na infância, o nosso ego se fragmenta e cria disfarces que serão usados na vida adulta como a busca pelo poder e controle, raiva, arrogância, crítica e culpa, inclinação para julgar e moralizar, desprezo, tomar conta de alguém, inveja, satisfazer aos outros, comportamentos compulsivos etc.
A criança adulta, então, busca no outro uma satisfação que ele mesmo não consegue sentir.
Entra, a partir daí, os apontamentos no comportamento do 'outro'.
O 'outro' é diferente de mim. Então, devo questionar sua forma de conduzir a vida. 
Penso, sinceramente, que o jeito de ser de cada um não deveria causar vergonha ou estranhamento.
Somos tão repletos de universos interessantes, únicos, ímpares. Somos, como disse há um tempo atrás, a soma das 'gentes'. Se assim nos apresentamos, não importa o rio que nos faz correr, o que realmente importa é que ele seja intenso e que lave a alma de quem banhar-se nele.
Há um rio em mim, sou água que banha luz. Sou a sombra do recolhimento. 
Mas, em momento algum, meu comportamento e meu jeito de ser agonizam na vergonha.
Não tenho vergonha de pensar, de sentir, de me impugnar em minhas falhas, de gritar minhas derrotas e proclamar minhas vitórias.
Sim, eu sento no chão para brincar.
Sim, eu sou gargalhada nos primeiros minutos da manhã.
Sim, eu não tenho vergonha de abrir os braços e bendizer minha vida.
Sim, eu toco e sou tocada pelo amor.
Sim, eu vivo o que faço.
Sim, eu faço pelo que vivo.
Sim, eu sonho.
Sim, eu me entrego.
Sim, eu facilito minha inteligência.
Sim, eu creio.
Sim, eu falo não às vezes.
Sim, eu fico brava também.
Sim, eu não desisto.
Sim, eu olho nos olhos.
Sim, eu não me desculpo - eu conserto integralmente.
Sim, eu sou visceral.
Sim, eu não disfarço.
Sim, eu sou outsider.
Sim, eu sou estranha.
Sim, eu me recolho no meu mundo.
Sim, eu dou o meu mundo para os muitos wonderlands.
Sim, eu travo minhas lutas.
Sim, eu sou a Drika.
E eu não tenho vergonha de sê-la.
Minha criança adulta é assim.

Não consigo agradar a todos.
Não consigo deixar de ser a Drika.

Essa é minha impressão digital.

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