sábado, 9 de fevereiro de 2013

O TEMPO E EU


Há um tempo.
Há tempo.
Tempo que leva tempo, tempo que leva lento, tempo que leva tempo pouco até levar de mim algumas posses.
Onde tempo?
Quando?
Eu ainda me atraso para o pôr do sol. Detesto a espécie de gente que não fecha a porta ao sair. Mesmo que essa pessoa seja o vento. Certa vez, sem saber, fechei o portão na cara do sol. Daqueles incrivelmente belos e alaranjados, que meus olhos míopes detestam ter de encará-lo. Mas só percebi a visita após barrá-la. Eu quero um chapéu da cor do couro. No mesmo dia do sol, percebi uma sombra ao lado da minha mesa do computador. Minutos depois lembrei que não era minha aquela sombra. É só domingo. Sem mingo. Sem migo. Sem. É só um mês. Uma data. E eu anseio aquele mês, mesmo sem saber quando será. Espero que ele venha comigo. Comigo. Como for. Por amor. Só que venha. E traga flor. Lenha. Cobertor.
Cantarolei a mesma canção que me presenteava a melancolia, me cobria dos pés a cabeça de dentro pra fora e da pele a alma. Cantarolei e senti o gosto das lágrimas salgadas, pensando como passaria a palavras o momento de agora. Daria filme, livro, arte. Sendo ou não de desfecho triste, que, nessa escrita já não tinha a permissão de não ser.
Há sempre tempo.
Mas, há um tempo, venho desfazendo meus minutos em esperas. Ponteiro. Por inteiro.
Amores sem alma.
Alma sem calma.
Por quanto tempo?

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