sábado, 11 de junho de 2011

O TAMANHO DO MEU MUNDO!


O TAMANHO DO MEU MUNDO

Meu mundo é uma concha. Sempre foi uma concha. Proteção de um outro mundo: assustador, imenso e envolto em ideias cruas. Diferente daquele que eu lia nos livros. Minha concha era sagrada e mentia a fragilidade que eu teimava em esconder. O barulho fora era meu silêncio dentro. O caos fora era minha paciência dentro. Meu mundo de concha não era uma fuga, era mais um conservatório de sonhos e ideias. Ideias e sonhos que não cabiam no mundo que eu conhecia. Há sempre um ponto em que nosso  interior não condiz com o  exterior.

Fuga seria se eu não tocasse em nada. Mesmo em concha e pela concha minha alma sempre dançou no ar, na mão e no sorriso das crianças, nas histórias que o vento contou, nas lembranças das pequenas e infantis alegrias, no som da liberdade tão rara, na vida que eu lutei para preservar, no fruto que eu concebi, nas luzes do que ainda estava por vir. Enquanto eu fechava os olhos e dormia, meu mundo era mais azul, enorme e refletia um amor que eu ainda não conhecia.

Entendia de forma simples e direta o que era complicado. Compreendia as dores do mundo, chorava com ele, mas nunca tive o sentimento de pertença a ele. Todas as dores sumiriam se “as gentes” despertassem e rompessem o medo. Medo de amar. Medo de lutar. Medo de mudar. Sempre soube disso e, mesmo assim, continuei na concha.

Precisou o mar desabar sua força e delicadeza sobre minha casca dura. Enfim, todas as minhas verdades trincaram-se e eu – finalmente – saí da concha. Conheci outro mundo. Acreditei. Meus olhos agora viam através do meu coração. Eu queria ser melhor. Queria que os outros fossem melhores – queria o mundo melhor somente para que o mar se acalmasse. Pela primeira vez ou pelo reencontro, concha e mar eram um só. Tudo seria tão simples e a paz seria duradoura.

Mas o mundo desatento se estende sem amparo, desperta em solidão e tinge de sangue as flores. Eu simplesmente quero saber se existo. Porque a sensação que tenho é que meu mundo é desabitado, a solidão é maior e o mar me abandonou. Quero entrar na concha novamente, mas ela já não é a mesma. Eu vi, toquei e ouvi o amor. Ele transformou o meu mundo.

Eu caminho dia e noite como alguém cansado de si mesmo, esperando que meu mar me presenteie com suas águas e me carregue para longe deste teatro mundano de paredes negras. O tamanho do meu mundo é do tamanho do mar. Espero não morrer afogada antes dele me salvar.

2 comentários:

Isaac Ruy disse...

Que LINDOOO! Dri... nossa achei lindo... as palavras, o modo como vc escreve, as metáforas...
aiai! Lindo!

Nossa foi o seu texto que mais gostei! Achei lindo... quando se sentir sozinha nesse "mar", da uma "nadadinha" com esse peixe palhaço aqui... hehehehe


Um big beijo!!!
Ah! e nossa saída pra beber e conversar nada até agora né?
BEIJOS, TE AMO, LINDA!

Drika disse...

Oh meu amor querido...obrigada pelas palavras - sabe que eu acredito que quando a dor é mais pungente as palavras fluem melhor. Já te falei que estou te esperando aqui né....é só ligar....um beijão e EU TE AMO muitíssimo.....os maiores amores são aqueles que nascem prontamente - sem espera. Bj