terça-feira, 1 de maio de 2012

CORUJA

Um animal? Uma coruja. Eu deveria ser uma coruja. Mas uma coruja inebriada de cafeína. Porque trabalho durante o dia (parte edificante da minha vida); e passo a noite a ler e escrever. É à noite que tudo faz sentido pra mim; é na noite que tenho minhas necessidades, ideias e entusiasmos. Quando era adolescente minha mãe apagava a luz do meu quarto para me obrigar a dormir. Naquela época não tinha computador não. Eram livros mesmo esparramados pela cama. Hoje, são livros e computador; livros dentro do computador; livros dentro da cabeça. Então, para burlar a impaciência de minha mãe, fingia dormir...deixava escorrer uns minutos precisos e retornava ao delicioso prazer proibido. Rendia-me horas. Quando a sensação de areia nos olhos chegava - sabia que era hora de dormir. Isso já pelas tantas da madrugada. No outro dia, ia para a escola ouvir professor me ensinar. E eles não entendiam! Como pode uma menina que parece dormir na aula só ter notas altas? E hoje? Como conciliar o espaço fugidio de meus pensamentos durante o dia? Crianças. Os únicos seres que me destituem da fluidez de meus sonhos durante o dia. E se não as tivesse? Seria uma boêmia incontrolável; talvez incauta de sua própria realidade. Todo mundo precisa de uma âncora, não é? Feliz de mim que tenho âncoras chamadas crianças.

2 comentários:

Ana Paula disse...

Na infancia e dolescencia tb passava noite e madrugadas a fio sozinha no quarto, lendo escrevendo coisas sem sentindo e me sentindo o que quisesse ser... amei o blog!!! Visite o meu... http://diluindopalavras.blogspot.com.br
bjsssssssssss

Thay disse...

Feliz de nós que temos crianças em nós, então. Compartilho de tua "corujez", bem-vinda ao lar das almas noturnas que assim produzem melhor. Não andas sós, acredite.

Sejamos corujas durante toda a vida, se assim formos felizes.

Um abraço. :)