terça-feira, 13 de outubro de 2009

















...Hoje, mais de 50 anos depois, vou dizer o que sentia por você. Você foi o que eu imaginava o que seria uma "namorada". Você despertou em mim um tremor novo, a primeira emoção do que mais tarde vi que chamavam "amor". Em uma tarde cinzenta, em frente ao portão de sua casa, eu senti uma alegria inesquecível como se tudo ali estivesse no lugar perfeito: a brisa leve da tarde, a paz da rua, o silêncio sem pássaros, você encostada no portão marrom do jardim. Não sei por que, senti uma felicidade insuportável, como se ouvisse o calmo funcionamento no mundo. Percebi confusamente que ali, no teu sorriso, ou olhos, ou boca, estava a explicação do sol filtrado em listras entre as folhas da árvore e a perfeição do som agudo que tirei da folha de fícus enrolada como uma flautinha vegetal, instrumento que hoje os garotos não conhecem mais...
(Resposta a uma moça 50 anos depois - Jabor - Amor é prosa, sexo é poesia)

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