terça-feira, 27 de outubro de 2009

Eu mais eu!


















"...a vida, que vai desaparecer de uma vez por todas, e que não mais voltará, é semelhante a uma sombra, que ela é sem peso, que está morta desde hoje, e que, por mais atroz, mais bela, mais esplêndida que seja, essa beleza, esse horror, esse esplendor não têm o menor sentido. Essa vida não deve ser considerada mais importante do que uma guerra entre dois reinos africanos do século XIV, que não alterou em nada a face do mundo, embora trezentos mil negros tenham encontrado nela a morte através de indescritíveis suplícios."

(trecho do livro " A insustentável leveza do ser", de Milan Kundera).



A TEIA

Tudo emerge ao mesmo ponto
Cerne de uma vida rasgada
Sem notas de músicas alegres
Lá, naquele naufrágio de lágrimas
Construíste tua teia
Fio a fio sem cerimônia
Para me guardares em brancos lençóis
À espera de um milagre de mãos

Coração, pedra...ferro.

À espera de alguém que toque sem derramar sangue
Que envolva sem proferir negras mentiras
Lá, bem no centro da teia...

Te espero

Lave as mãos pois o chão é escuro e,
a alma não encontra paz
Até que tudo esteja limpo
Até que tudo seja morte.
No centro da teia.
Deixa eu te tomar nos braços
E ir aos jardins dos ceus

Não.

Agora, tudo já é morte.

(Adriana)


PARADA CARDÍACA (Paulo Leminski)

Essa minha secura

essa falta de sentimento

não tem ninguém que segure,

vem de dentro.


Vem da zona escura

donde vem o que sinto

sinto muito

sentir é muito lento.

2 comentários:

bira disse...

A teia é o tecido do ânimo, é a intensão da aranha.

Na paixão, complicamos o episódio do alvo.

Com a teia apanhamos os amores que nos alimenta.

O Interminável no Divã disse...

Hey, vamos montar um poema juntos?