sexta-feira, 12 de agosto de 2011

DIA DOS PAIS!


Ao ler para uma criança, ela aprende. Ao ouvir histórias, ela se encanta.
Hoje, antes de contar histórias eu rezei. Foi a primeira vez que rezei para contar histórias.
Rezei porque achei que não iria conseguir. Achei que nenhuma história estava morando em mim hoje.
Eu que sempre fui a casa das minhas histórias. A morada perfeita do sonho e da imaginação.
Hoje - eu só queria fechar os olhos. Sabe aquela dor que você pensa "amanhã passa" e não passa há meses? Uma sensação de desconforto, de abandono, de pouca importância.
Na verdade, nunca me senti muito importante mesmo...sempre me senti avessa e esquisita, fora do mundo e dos padrões.
Mas quando eu conto histórias, quando eu fico perto das crianças, eu sinto que - por um breve momento- eu sou feliz, eu sou amada, eu sou importante.
Nunca me quebrei contando história. Hoje - inacreditavelmente - eu estava quebrada.
Mesmo assim - contei. Acho que sou tomada por um transe. Saio de mim e não sou mais eu.
Não tem explicação - somente conto! E aqueles olhos, aqueles pequenos olhos, me dão a importância que eu sei que eu não tenho. Porém, para eles, tão pequenos...eu sou mágica.
Eles vêm me abraçar e me beijar como se quisessem tomar um pedacinho de mim no final das histórias. Alguns até me tocam - acho que para saber se eu sou de verdade. É um tipo de autógrafo do coração.
Tenho me perguntado "Até quando eu conseguirei ser importante para eles?". 
Venho perdendo uma coisa que nunca poderia perder: o sentido - o sentido da minha vida.
Não é egoísmo, é simplesmente uma constatação com meus dias - eu vivo em função dos outros, mas quando o assunto sou eu - não existo.
Existo para os outros, mas não existo para mim mesma.
Será egoísmo querer viver?
Tenho lutado, juro que tenho - com força, todos os dias. Se não estivesse lutando já teria fechado os olhos. Mas para onde esta luta irá me levar? Ou de quem essa luta irá me distanciar?
Meu maior medo é que essa mágoa que estou sentindo nunca vá embora. Que essa decepção com quem eu mais amo, me destrua para sempre. 
Hoje, um personagem especial veio contar seus "casos" para a criançada: o vovô Tonho!
Vovô Tonho é o próprio folclore.
Vovô Tonho foi meu querido vovô - aquele que pintou minha infância mais colorida, aquele que me ensinou a contar histórias, aquele a quem eu bebia as palavras e me ensinou a figura importante do que é ser pai.
É a primeira vez que contei histórias trazendo meu vô Tonho. Tenho certeza que de onde ele estiver, estava me ouvindo contar suas histórias. Ah, vô, você me faz tanta falta! 
Um dia, você me deixou para contar histórias lá no céu, mas sei que sempre olhará por mim.
O Dia dos Pais é domingo, então, quero te dizer que você foi e sempre será meu exemplo de pai e meu companheiro. 
Ah, vô, bem que você me falava que as pessoas não se importam em nos magoar e que vão embora sem nenhuma explicação. Mas você foi embora e me deixou com suas histórias. Fez de mim boa parte do que eu sou. E nem precisou ficar 24h por dia do meu lado! Somente precisou me amar. Um pai é pai pelos laços do coração, não precisa estar perto, mas precisa estar dentro. Meu vozinho, olhe por mim...eu tenho medo, não tenho dormido à noite, e minha vontade é abandonar tudo. Eu sei que você não está contente comigo, nem eu estou, mas sei que você sempre me ensinou a viver e a ter coragem, então, onde você estiver...eu quero que saiba que eu tenho sido importante - pelo menos contando suas histórias.
Feliz Dia dos Pais vô!
Eu te amo.

Nenhum comentário: