domingo, 18 de julho de 2010

Eterno amor.













Doce confissão...

"Quando durante o Primeiro Congresso de Escritores Brasileiros, reunido em São Paulo nos inícios de 1945, me apaixonei por Zélia, comuniquei ao poeta Paulo Mendes de Almeida, meu amigo e amigo dela, apontando-a entre as muitas senhoras e moças que acorriam às sessões, umas poucas para acompanhar os debates, a maioria para namorar:

- Aquela ali vai ser minha mulher.

Paulo riu da minha cara.

- Aquela qual? Zélia? Jamais, não é mulher para o seu bico.

Não desisti, não tirei da cabeça, estava me roendo de paixão, fiz o que o diabo duvida, não deu outra, em julho Zélia veio morar comigo. Não vai durar seis meses, agouraram, dura até hoje." (Jorge Amado, 'Navegação de Cabotagem')


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OUTRO DIA SONHEI

Outro dia sonhei que o coche fúnebre
vinha buscar-me e não achava-me preparada:
não estava nem morta nem doente,
e sentia que tinha de partir.
Então, disse para o cocheiro:
"Espere um pouquinho,
que estou acabando de ler este livro."
E o cocheiro concordou e esperou.
Deve estar esperando.


MEIRELES, Cecília. Sonhos. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Vol. II. Organização de Antonio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p.1293.

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